quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Que saudade da escolinha da vovó e da São Clemente

Que saudade da escolinha da vovó e da São Clemente nos anos 90! Enredo de muita personalidade, que traz a verdadeira essência do carnaval. A educação vira samba-enredo e carnaval, com muito humor, a escolinha do professor Raimundo está no refrão. O grande humorista brasileiro, que interpretou um professor e falava no final do programa "e o salário ó" fazendo com dedos uma expressão de quase nada, entra na ironia de um enredo que questionava o salário do intelectual que ensina e termina a graduação e recebe baixo salário. Mas o samba não é a brincadeira por brincadeira; a escola traz uma mensagem na avenida que se transforma em sala de aula para explicar a importância da classe dos professores para a sociedade. Inesquecíveis o abre-alas com o quadro-negro e a comissão de frente com as professorinhas normalistas altíssimas, magrelas, com a saia característica, estressadas, de palmatória, rodando a saia e a curiosidade, levantavam a saia e mostravam a bunda na avenida. Sem deixar de cobrar urgente a solução para o problema educação, fala de um tempo diferente daquele do início do século, mostrando a realidade nua e crua: o ensino em decadência enriquece a iniciativa privada. O Sepe, sindicato de professores do Rio, participou do desfile com faixas e nada mais carnavalesco e momesco que o refrão:

"Estou em greve
Eu vou lutar (ô, eu vou lutar)
A boca no mundo eu vou botar (vou botar)
Professor insatisfeito luta pelo seu direito
De ganhar pra lecionar"


E claro a esperança de mudar essa realidade:
"Desperta, meu Brasil,
É hora de união
Salvem a educação"

Mas do que nunca observe que um enredo de escola de samba não é o contar de uma história com um "desfile" de artes plásticas. É um história rasgada, recortada, recosturada por uma ideia, uma magia do carnaval. A escola mais momesca do carnaval faz isso com uma simpatia peculiar. Momo não era um sujeito brincalhão, feliz rindo à toa como muitos pensam; foi um deus expulso do paraíso por ser insuportavelmente crítico com as coisas e fazia isso com uma fantástica ironia. Momo não se tornou uma obra de literatura, não se sabe muita coisa sobre ele a não a da lenda grega. Posso dizer que Momo é a São Clemente do carnaval carioca. A critica social com irreverência carnavalesca é da São Clemente. Mas o atual público prefere espetáculos holiudianios, cheios de brilhos coloridos e inertes. Hoje com a mudança do carnaval também dizer que tudo está tão diferente, o carnaval em decadência enriquece muita gente.

E o salário ó - São Clemente 1992

Compositores: Chocolate, Helinho 107, Maurício, Ricardo, Ronaldo

Intérprete: Sidney Moreno



São Clemente... através do Carnaval
Traz uma mensagem na avenida
Que transformamos em salas de aula
Cobrando urgente a solução
Para o problema da educação
A professorinha de outrora
Que permanece em nossa memória
As velhas sabatinas do colégio
Relíquias do antigo magistério
Hoje... Tudo está tão diferente
O ensino em decadência
Enriquece muita gente
Que absurdo com salário tão minguado
O nosso professorado é maior abandonado (bis)
Estou em greve vou gritar
A boca no mundo vou botar (vou botar!) (bis)
Professor insatisfeito
Luta pelo seu direito de ganhar pra lecionar
Mas ainda resta a esperança
De educar nossas crianças
Desperta meu Brasil é hora de união
Salvem a "educação"
Que saudade da escolinha da vovó
Terminei a faculdade "E o salário ó" (bis)



Nenhum comentário:

Postar um comentário