domingo, 25 de março de 2012

Por que não homenagear Luís Antônio Pimentel: enredo de carnaval?

Taí uma grande notícia: o centenário de Luís Antônio Pimentel, que deveria ser bem mais lembrado. Por que não tornar Luís Antônio Pimentel enredo de escola de samba? Um enredo sério talvez, sério demais para as novas ondas oportunistas do carnaval. O enredo sobre Luís Antônio Pimentel é a possibilidade de revisão da história do Brasil sob a visão de um homem, um grande homem de 100 anos de idade.É uma grande oportunidade de trazer mídia e, ao mesmo tempo, fazer uma homenagem que se tornará histórica no carnaval e no Brasil.




O centenário de Luís Antônio Pimentel comemorado com antologia e peça inédita no Teatro Municipal de Niterói

Luís Antônio Pimentel, provavelmente o mais antigo jornalista em atividade no Brasil, completa 100 anos de vida no próximo dia 29. Dividindo sua longa militância na imprensa com uma intensa produção literária, ele é hoje um dos maiores ícones da cultura fluminense, reconhecido internacionalmente por seu talento multifacetado – memorialista, poeta, fotógrafo e muito mais.

Para comemorar a data, a editora Nitpress, que tem em Pimentel o maior expoente de seu cast editorial, prepara o lançamento da antologia O amor segundo Luís Antônio Pimentel, que acontecerá no dia 23 de março, às 19 horas, no Teatro Municipal de Niterói, precedendo, no mesmo dia e local, a estreia da peça “12 dias com Leviana”, baseada em novela homônima de 1944, sendo este o primeiro texto de Pimentel levado ao palco.

Os dois eventos, praticamente simultâneos, abrem festivamente a semana do centenário de Pimentel, cujas comemorações envolvem várias atividades na cidade de Niterói, onde ele vive desde a infância, após deixar a sua Miracema, no interior fluminense. Pimentel tem sido um pioneiro em diversos aspectos e um ator/espectador da história:

- Aos 10 anos, participa de um experimento de Roquete Pinto, que o escolhe no meio do público e lhe pões os fones aos ouvidos para testemunhar, durante a Exposição Internacional de 1922, no Rio de Janeiro, a primeira transmissão radiofônica no Brasil;

- Nos primeiros anos da década de 30, já como jornalista, assina uma coluna diária na Gazeta de Notícias sobre os bastidores do rádio, veículo que viu/ouviu nascer. Trava contato com os grandes nomes do rádio na época – data desse período a novela 12 dias com Leviana, que narra um romance intenso vivido por um jovem poeta com uma cantora do broadcasting – e tem músicas suas gravadas (também é compositor bissexto, com parceiros como Orestes Barbosa) por Carmem Miranda, entre outros intérpretes;

- Comunista convicto, é preso em 1936. Em 1937, fugindo da perseguição do Estado Novo, consegue uma bolsa de estudos no Japão, onde trabalha na Rádio de Tóquio e trava contato com a cultura japonesa. Torna-se o primeiro poeta brasileiro a ser traduzido e publicado no Japão, com o livro Namida no Kito (Prece em lágrima), em 1940;

- No mesmo ano, tem publicado no Brasil o primeiro livro de contos japoneses: Contos do velho Nipon, relançado pela Nitpress em 2009, pelas comemorações do centenário da imigração japonesa para o Brasil (na ocasião, Pimentel foi um dos três brasileiros, sendo o único de origem não nipônica, homenageados pelo governo do Japão);

- Com a entrada do Brasil na II Guerra Mundial, ele retorna, trazendo na bagagem o cânone do haicai, gênero poético oriental que ajuda a introduzir, criando uma importante escola haicaista em Niterói, onde até hoje cultiva discípulos de vida e poesia;

- Participa da organização da Sociedade Fluminense de Fotografia, da qual é hoje o único fundador vivo. Suas fotos, sobretudo os nus femininos, correm o mundo em diversas exposições internacionais;

- Membro da Academia Fluminense de Letras, entre várias outras instituições acadêmicas, publicou quase duas dezenas de livros, enfeixados em 2004 nas suas Obras Reunidas. Em 2007, um trabalho inédito veio à luz – Haicais Onomásticos, marcando o início de sua atuação na Nitpress.
Aos 100 anos, Pimentel continua produtivo. Vai todo dia de ônibus do bairro de Icaraí, onde mora, ao Centro de Niterói, levar pessoalmente sua coluna diária – “Artes Fluminenses” – para o jornal A Tribuna.

http://jornal.ofluminense.com.br/editorias/cultura-e-lazer/plantao/o-centenario-de-luis-antonio-pimentel-comemorado-com-antologia-e-p

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