quarta-feira, 4 de abril de 2012

Mitos africanos: enredos de grupo de Acesso

Apesar da Beija-Flor ter feito a grande proeza com enredo de mito africano, campeã do grupo 1 com "A criação do mundo segundo a tradição nagô", os mitos africanos se adaptam muito mais aos carnavais populares do Acesso. São simples, exigem pouco recursos plásticos e não dão a sensação de ostentação a que chegou o desfile de escolas de samba do grupo especial. Os mitos são fáceis de entender, tem mensagens rápidas e se comportam a desfiles menores. Grupo de acesso, assim como todos os carnavais de toda essência de simplicidade, são estilos, estilos, e não um degrau abaixo daquele luxo insípido que aparece na televisão para os que procuram assistir a coisas especiais e novidades cinematográficas. O desfile de acesso é estilo superior de arte...vamos ver alguns dos grandes sambas afros do carnaval do acesso. Ouça-os e pesquise por motivações dos versos da música os enredos dos mitos afros.


Unidos do Cabuçu 1983


No ayê, no ayê
No ayê babá (obá obá)
O filho de Olurum (de Olorum)
Olurum não atendeu Ifá

Oh mãe santa clareia,
Mostrai ao mundo um babalaô
Que fale de ony ifé obá oyó oluô
E os ministros de meu pai Xangô

Enaê, enaê
Enaê emojubá
Deixa Oxalá passar

Tem maldade nos caminhos de Exu
Na floresta oi o cavalo de Kaô, Kaô
Motivou a prisão do nosso pai Oxalá, Oxalá

E o orum desabou
A miséria imperou no ayê de Kaô

Salubaê, salubaê, Nanã Buruquê
Reconheceu o seu amor
A paz voltou ao reino de Xangô
Ofereceu o trono em troca do perdão
Oxalá quer água em troca da humilhação

Ofilalaê, hoje é festa pra você
Ofilalaê, hoje é festa pra você

Oyá Oxum Obá dançam alegremente para Oxalá
No cortejo ao som do alabé
A corte de Oyó oferecendo presentes e flores
Nasceu Oxumaré enfeitando o Orum e o Ayê



Acadêmicos do Engenho da Rainha 1990


Dan, a serpente encantada do arco-íris

Compositores: Paulinho Poesia, Da Silva, Evaldo, Peneirinha, Marquinho da Dona Geralda, Luiz Bady

Vindo de mãe África distante
Como serpente ou arco-íris
Orixá Oxumaré
Com a dualidade entre o bem e o mal
A noite, o dia, a Lua e o Sol
(Conta a lenda)
Que nos seis meses de arco-íris
Leva as águas de Oxum
Para o castelo no céu de Xangô
E assim lhe sauda a nação nagô

Arroboboi, Arroboboi
Aieieu mamãe Oxum (bis)
Aieieu Oxumaré

Babalaô, era explorado
Por Olofin o rei de fé
Que consultava a sorte
Quatro em quatro dias
E na pobreza ele vivia
Mas felizmente chamado por Ologum
Que agradecendo a cura
Do seu filho então lhe deu
Uma vestimenta no mais belo azul
E assim Oxumaré enriqueceu

Olodumaré, o deus supremo estando cego
Oxumaré mandou chamar
E depois de seus olhos curados
Impede Oxumaré à terra retornar

No Brasil
Os iaôs cantam e dançam para exaltar
Dan - Oxumaré, dou-lhe oferendas
E peço axé à Oxalá
Vem da África
Originário do país de Daomé
Vem da África
Um canto forte em louvor a Oxumaré

Sete cores no arco-íris
E a serpente a rastejar (bis)
Ele é Dan - Oxumaré
Na quibanda, quibandá


Império da Tijuca 1997

A Coroa do Perdão na Terra de Oyó
Ala dos compositores


Axé, oferendas um canto maior
A Império conta a lenda
Sobre a coroa do perdão
Na terra de Oyó
Em sua obstinação
Oxalufã consulta seu Babalaô
Apoiado em seu cajado ô
Parte em visita a Xangô

Ao fazer a caminhada
Pressentia na jornada
Grande confusão

Pedras nos caminhos
Flores com espinhos
E a voz da tentação
Na chegada a decepção

Sete anos prisioneiro
E o caos se alastrou
Veio então a redenção
Tudo se normalizou
Do erro vem o perdão
E o mestre o perdoou

Caô, caô
Caô Cabecile Xangô (bis)

E de regresso a Ifã
Oxalufã olhou pra trás
Sentiu a fé, no amor a criação
E no palácio houve a festa do pilão

Epeu ê babá
Salve os Orixás (bis)
É o verde esperança
Com o branco que é a paz


Boi da Ilha 2001
Orun-ayê
Compositores: Aloísio Villar, Paulo Travassos, Clodoaldo Silva, Silvana Da Ilha



Vem do Orun
A ordem do divino criador
Para ser criada a terra
E viver em paz sem guerra
Olorun abençoou
Oxalá, orixá de confiança
Cai na sede da vingança
Não cumpriu sua missão
Exu que é o bem e a maldade
Usa sua ambigüidade
Faz mudar a direção

Odudua vá falar com Orumilá
Consulte o oráculo de Ifá
Não se esqueça da oferenda (bis)
Não tenha vaidade
A nossa força vem da humildade

Vejo os meus filhos em seu caminhar
Elementos irão se formar
Nasce a vida do ventre de Ayê
É nagô, essa beleza é você nagô
Que mostra um mundo de esplendor
Em uma linda história de amor

Hoje eu peço paz, saúde e felicidade
Brindaremos ao futuro nesse dia (bis)
Faça sua festa com o Boi da Ilha

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